domingo, 19 de dezembro de 2010

Doce ironia da vida.

Aquele friozinho na barriga, sabe? Aquela ansiedade, como se as horas não passassem até chegar aquilo que você quer, sabe? Ou então aquela vontade de dizer tudo que você sempre quis, mas não poder até um determinado momento, sabe? É como ele se sente. Pra ele o mundo não gira, o relógio não roda os ponteiros, o Sol não sai do lugar. Não queria estar na pele dele. Na verdade, quem gostaria?

Ele vive pensando no que falar pra ela, e só para de pensar nisso pra dizer "Tu é um burro!" no espelho. E quando resolve falar um "Oi!" sorridente e contagiante, só sai um "o-oi..." tímido e gaguejado. Consegue ser o engraçado da rodinha de amigos, mas quando ela está perto, automaticamente vira um bobão que não consegue nem falar seu próprio nome. É, realmente, não queria ser ele.

Ele queria mais coragem, mas ninguém lhe dá. Também queria mais desse tal de "papo", mas nunca lhe disseram que o papo tá na mente, e não no gogó. Ás vezes ele pensa que deveria desistir, mas logo em seguida ele diz, numa determinação súbita: "Nunca!". Provavelmente é o ato mais heróico desse pobre rapaz.

E o que me faz ficar mais encucado é, o que raios essa garota vai ver nele? Um bobão que quando ela chega fica com aquela cara de mongol, fala um "oi" completamente desconcertado e envergonhado, e que ás vezes até engrossa a voz para parecer mais hominho. Na verdade, ela não vai ver. Não tem como ver algo que ele não mostra, é lógico.

Outro dia ele resolveu ler esse texto aqui (pode clicar) e tomou coragem de vez. Estava decidido a encarar o que ele adiava por tanto tempo. Bem, ele foi falar com ela, cabeça erguida, disse um "Oi!" alto seguido de um sorriso gigantesco, e começou a puxar alguns assuntos em comum com a garota. Não é que deu certo? Estão namorando a alguns meses, já.

E o autor que escreveu o que deu coragem pro bobão... Bem, é mais bobão que ele.