domingo, 13 de dezembro de 2009

Textos extraordinariamente velhos - Humanamente Humanos

"Um satélite, como um diamante no céu, olhando para cima e para baixo, rodando e girando. Olhando a Terra e apenas vendo nuvens, faixas de terra e um azul interminável."

Dez dedos contando nos temos nas mãos, nove planetas circulando um gigante amarelo, oito bolas para vencer devemos encaçapar, sete mares batem nas costas dos continentes.
Típica situação cotidiana e repetitiva... Porém uma coisa em comum, o ser que percebeu isso tudo, o humano. O homem fez o mundo e se fez como quis, como achou melhor para si. Inventou valores para serem trocados por bugigangas, inventou jogos para ele mesmo ganhar, criou objetos para apenas consertá-los ou trocar o conserto pelo valor recém inventado...
Tantas escolhas, tantos anos, tantas decisões... Criou a arma para se defender e a usa para matar, fez a música para relaxar e a usa para incitar. Fez palavras em símbolos para escreverem cartas permitindo mártires em novas terras...
Tantas idéias que se chamavam geniais, agora, são os males que perseguem e amaldiçoam o ser humano...
E a Lua ta lá, rodando, girando, apenas vendo tudo isso por ser obrigada pela gravidade... Ahh, gravidade, maldita vadia sem coração que não me permite pular e nunca mais voltar para cá.
"And all comes down to nothing..."

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Isso é coisa de maluco!

Ás vezes eu falo sozinho. Um maluco aí da vida me disse que quem fala sozinho é psicótico, logo depois disso ele me disse rindo que já perdeu a conta de quantas vezes ele se pegou falando sozinho por aí. Me falou isso, mas não me disse se ele se achava psicótico. Bem, eu não me pego falando sozinho, porque simplesmente não falo sozinho sem querer, eu apenas faço. Faço, sei que eu faço e gosto quando faço. Acho que sou psicótico.
Mas não é só a falácia solo que me persegue. Há ainda outras coisas peculiares que apenas eu faço - eu acho - e que eu gosto de fazer, apesar de ser... digamos assim... loucas. Por exemplo: quando eu to entendiado, a minha primeira reação ao tédio é abrir a geladeira e encarar todos os alimentos e bebidas. Não como, nem bebo, apenas os encaro. Fico lá, parado, por minutos, até minha mãe me dar um pescotapa e resmungar qualquer coisa que eu não presto atenção, por estar encarando as coisas da geladeira. Não penso em nada, apenas olho. Acho que meu recorde foram 4 minutos. Mas a minha loucura favorita é na hora de dormir. Eu não durmo como qualquer outro ser humano em sã consciência dorme. Eu tenho todo um ritual perfeito e imaculado para dormir, senão não consigo durmir. Primeiro de tudo, ligar a TV, para só depois desligar a luz. Depois disso, deitar na cama, me cobrir - mesmo com um calor dos infernos - e olhar para a TV. Não assisto, apenas olho. Olho cores e luzes saindo de uma caixa preta. Quando meu olho começa a pesar, eu viro de lado, fecho os olhos e começo a me imaginar fazendo qualquer coisa - sei lá, matando siths com meu sabre de luz - e só então pego no sono. Se eu pular alguma parte, eu não durmo bem, e acordo mal humorado.
"Seu Maluco!" é uma frase que eu ouço com frequência aqui em casa. Já me acostumei, e até concordo. Existem milhares de outras coisas que eu faço que nenhuma pessoa normal faria por aí.
Loucos ou malucos, doidos ou pirados, todos possuem manias, não há escapatória. E aí? Qual é a sua?

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Anônima

Faces irreconhecíveis em meio de passos apressados, passando por seus olhos com rapidez e emoções aleatórias. Rostos sem nome, olhando para o horizonte, sem qualquer destino - apenas seguindo seus próprios pés.
Os donos dessas faces pertencem ao seu dia-a-dia, sem você ao menos perceber. É ele que te dá o troco do ônibus, o que entrega sua pizza, o que passa por você nas ruas. Para eles, você também é apenas mais um na multidão, um anônimo. Ele provavelmente nunca lembrará de você, do seu rosto, do seu olhar. Até porque, quem lembraria de uma pessoa que nem um bom dia lhe dá?
Lá estava ela, atrás de um balcão de lanchonete, servindo a outras pessoas aleatórias que nunca mais a veria, inclusive a mim. Pedi um pastel, e ela o me entregou junto com um guardanapinho. Ainda que tenha sido por alguns segundos, ela havia me olhado nos olhos, havia me notado, mas logo em seguida voltou a anotar pedidos e entregar os mesmos. Entre pedidos e entregas, ela se voltava pra minha mesa, e me olhava intensamente, e eu não parava de olhar para ela. Parecia um jogo de olhares, onde quem ganhava era quem pegava o outro olhando o outro. Não pude deixar de notar em seus cabelos ondulados, presos em rabo de cavalo. Suas mãos grossas, feridas pelo trabalho, e sua pele morena. Provavelmente ela também observara em meu paletó cinza, e também nos meus óculos escuros, presos no bolso do paletó.
Terminei meu lanche, e pedi a conta. Fui pagar no caixa, onde ela se encontrava no momento. Assim que eu lhe dei o dinheiro contado, ela me olhou pela última vez, e eu a ela. Foram os dois segundos que mais duraram na minha vida.
Dei as costas e saí da lanchonete. Tinha voltado a minha rotina normal, com rostos anônimos passando direto por mim. Na semana seguinte voltei para a mesma lanchonete, pedir o meu pastel, na esperança de rever o rosto que havia visto na semana passada. Quando olhei para o balcão, vi dois homens e nenhuma mulher.
Foi nessa hora que eu percebi o quão estúpido e idiota eu fui.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Falange Macedônica Anti-Inspiração

É engraçado quando eu respondo que eu não sei de onde eu tiro idéias, ou inspirações - elas simplesmente vêm! Algumas pessoas já me disseram que eu escrevo bem, eu contestei e disse que eu sou um lixo, e que realmente sou, afinal, se fosse bom eu estaria ganhando dinheiro por isso. Por mais que eu tente escrever contos, crônicas, críticas ou até mesmo relatos meus, eu sinto um bloqueio. Uma falange macedônica gigante que me impede de continuar minha primeira frase, que acaba se perdendo na imensidão infinita do botão delete. Acho que se eu juntasse todas as palavras soltas que eu usei para formar frases, eu teria mais palavras que alguns livros por aí. Mas isso não entra em questão, afinal, do que são as palavras senão seus sentidos?

É exatamente este que me atribula os meus dias, o maldito sentido. Por que raios cadeira significa cadeira? Quem foi que falou isso? Se eu quiser chamar cadeira de sish kabab, eu vou chamar! Minha revolta e revolução acaba a partir do momento que eu falo isso para outra pessoa, que me acha um maluco e dá as costas para mim. Mas é claro! Como não pensei nisto antes! Os sentidos não servem para você, e sim para os outros! É para os outros que você transmite significados através de palavras, afinal, o que você quer transmitir está no seu cérebro, com as palavras certas ou erradas, você sabe o que você quer.

Por mais que eu tente fugir do inevitável, não conseguirei. O inevitável significa aquilo que não pode ser evitado, e eu não posso evitar que uma pessoa dê seu próprio significado à uma palavra, sendo o significado correto perante a língua ou não. Já passo a pensar se o problema realmente são os significados, ou se são as mentes que os fazem, os distorcendo de seu contexto real e lhe apresentando uma imagem totalmente diferente de a que o locutor desejava lhe apresentar.Não sei se me entendem, mas eu me entendo. Enquanto eu me entender, eu estarei bem comigo mesmo.

Continuo cercado pelo bloqueio mental de não conseguir escrever mais nada legalzinho, ou que agrade às pessoas. Sobre cavaleirinhos e suas armaduras cintilantes, ou sobre o quão bobão é o sistema capitalista, ou sobre um bobo apaixonado qualquer. Bem, é isso aí. Acho que os poucos que ainda lêem esta bagaça merecem saber o que aconteceu a meses. Mas não pensem que não voltarei! Sim, voltarei, como já voltei. Mas diferente. Quem sabe mais tarde eu não possa escrever como eu escrevia antes? Ou pensar, como eu pensava antes. Ou não.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Carta

Ao senhor escritor do texto anterior,
Com todo respeito, o que o senhor anda fumando? Pelo amor de Deus! Eu nunca atravessei um deserto na minha vida, seu maluco. A maldita torre simplesmente está do lado da minha casa. Da onde você tirou que aquela louca é uma princesa? O único motivo para eu ter ido até a torre, era para pedir que ela abaixasse o volume daquela porcaria de funk, que ela ouvia e ouve vinte e quatro horas por dia. E eu nunca me encantei com a sua "delicadeza" de movimentos, apenas fiquei pasmo de como uma mulher pode usar um short tão curto e rebolar tão vulgarmente. Ah, sim, não sou cavaleiro e nunca serei, aquilo era uma fantasia de papelão feita para a festa surpresa do meu filho de nove anos de idade, seu louco da vida. Não me leve a mal, caro escritor, mas o senhor precisa de um psicólogo.
Com muita raiva,
"cavaleiro" do post anterior.

PS: Torre de vidro?!?!

sábado, 5 de setembro de 2009

Torre de Vidro

Tirando o pesado capacete, enfim havia chegado. Depois de meses enfrentando tempos imprevisíveis e ferozes, desertos congelantes e florestas escaldantes, lá estava, de pé, olhando fixamente para a torre. Era uma torre alta, altíssima. Mas não era uma torre comum. Suas paredes eram peculiares, tamanha era sua estranheza que assustara o cavaleiro. Ela não havia cor, era totalmente pálida e lisa, muito lisa. Era tão incolor que parecia que se enxergava o que havia dentro dela, como um vidro. Chegou bem perto da parede, colocou as mãos entre o rosto e a torre e nada via.
Passando-se alguns segundos, ouviu risos bem baixos, vindos de uma voz doce e suave, do alto da torre. Afastou-se e circulou a torre até encontrar alguma janela, para ver a silhueta de sua donzela. Se admirou com a delicadeza de seus movimentos, a cada pirueta de sua alegre dança, o coração do cavaleiro batia fortemente. Gritou por sua princesa, e por mais que tentasse, sua voz não chegava até o topo.
Tomado de coragem, resolveu entrar na assustadora torre. Embainhou sua espada, levantou seu escudo, e encarou seu grande portão. Deu um passo para trás. Sua garganta secou, sua testa transpirava. Hesitava.
Cada vez mais que via o sorriso da princesa, no meio de sua dança, de suas risadas e de seus cantos, ficava mais amargurado com sua própria vida, como se não merecesse estar ali. Passou-se horas, e lá estava ele, inconformado e indeciso. Colocou seu capacete, montou em seu cavalo e voltou para sua terra.
Sua donzela não estava presa, estava liberta. Liberta de um mundo onde seres humanos não são humanos. O cavaleiro, tomado de toda honra e de toda glória que lhe vinha como prefixo ao nome, estava preso. Acorrentado em um mundo vicioso e cíclico, em um mundo onde princesas não existem, e cavaleiros são desprezados. No nosso mundo.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Vale a pena.

Inquietez. Suor frio. Mãos incansáveis, trêmulas. Dores na boca do estômago. Unhas roídas. Pés batendo freneticamente o chão de madeira. Olhos fixos, pensamento único: ela.
Passavam-se os segundos, os minutos, as horas, e continuava pensando na mesma coisa. Já não entendia o porque disso tudo, afinal, foram poucos dias que ele pode estar com ela. Só a via algumas vezes por semana. Mas ainda assim, a cada vez que pensava em seu nome, não conseguia mais se concentrar em nada. Sua folha de caderno virou seu conselheiro, e colocou no papel tudo o que sentia. Mas não o que sentia por ela, e sim o que ela o fazia sentir. Começou a se perder em suas palavras, parado por minutos para escrever uma frase. Percebeu que não era possível descrever o que ele estava sentindo.
Já havia se apaixonado outras vezes, e cada uma foi diferente das outras. Mas, como todas as outras, essa lhe parecia ter algo mais. Achou coisa de bobo apaixonado, e amassou o papel e lançou pela janela. Afinal, é só mais uma que lhe falaria a mesma coisa, somos apenas amigos. Conformando-se de que nunca aconteceria nada, sentiu uma gota de lágrima cair dos seus olhos. Não acreditou no que estava vendo. Ele havia chorado. Por mais que tenha sido por um segundo apenas, por mais que tenha sido apenas uma gota, ele havia chorado.
Correu para casa, se trancou no quarto, deitou na cama e pensou até anoitecer. Pulou da cama e olhou a janela, com um sorriso grande. Havia achado sua resposta: vale a pena. Vale a pena tentar conquistá-la, mesmo que não aconteça. Mesmo que essa gota de lágrima se transforme numa tristeza por uma possível rejeição, valerá a pena.
Inquietez, suor frio, mãos incansáveis e trêmulas, e um sorriso.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Mãe, minha mãe mesmo e meu colégio

V - Direito negado e Literatura

Passam-se alguns meses, provavelmente dois. Aula de Direito, de novo. Estava com muito sono e pertubado por causa das aulas hiper dinâmicas e legais de Direito, então resolvi ler Dom Casmurro (Afinal, havia trabalho de Literatura para fazer sobre) para não dormir naquela monotonia, onde a expansão do Universo é mais rápida que quinze minutos de aula. Alguns minutos depois a professora se aproxima da minha mesa com sua baquetinha. PAH! Porrada na mesa do Gabriel! Fiquei meio que confuso, afinal, que raios essa mulher está fazendo? Atordoado com o barulho da baqueta, vi ligeiramente ela pegando meu livro, resmungando qualquer coisa que não ouvi na hora. Fiquei indignado, dormir na aula dela é liberado, enquanto cultura é negada. Tudo bem, disse pra mim mesmo, não vai dar merda, não vai, no máximo levo uma bronca do coronel, pego meu livro e acaba tudo. Sinal toca, professores trocam.
Entra na sala a professora de Literatura, que eu admiro muito por sinal, com toda sua energia e vontade de dar aula. Professores assim me dão gosto de estudar, por mais que as aulas sejam comparadas ao inferno. Rapidamente pediu para que a turma pegasse as apostilas sobre Realismo que ela dera na última aula, cuja eu faltei. Levantei minha mão, pobre ingênuo, e falei:
- Professora, faltei no dia e não tenho a apostila, a senhora tem alguma para me emprestar?
- Não acredito, Faleiro! Você sabe que não entra na minha aula sem o material, já para fora. E quem está sem apostila também, para fora!
Não briguei. Ela estava certa, oras, eu tinha que ter copiado a apostila ou tirado uma xerox. E algo que me fez admirá-la mais ainda, foi ter mandado quem não tinha falado que estava sem apostila sair. Me demonstrou igualdade - o que eu não vejo a muito tempo.
Indo para a mesa de corredor da inspetora, cujo nome seria anti-ético e imoral eu revelar, para pegar o papelzinho de ocorrência, fui surpreendido com gritos:
- Faleiro! Sabia que ia te pegar, eu disse! Eu disse! Você além de ficar lendo nas aulas de Direito, tem a coragem de ser expulso de sala em Literatura, em um único dia!
- Pelo amor de Deus, inspetora, cujo nome seria anti-ético e imoral eu revelar! Só estava sem apostila, e na aula de Direito, estava lendo para não dormir! Prefiro ler na aula do que dormir!
- Não me interessa! Agora você já era.
Nunca fiquei tão nervoso em tão pouco tempo como esse dia. Minha vontade era de pegar uma Uzi e soltar o dedo na senhora. Me contive, afinal, uma vitória só é apreciada quando se está de cabeça fria.
Voltei para casa, pensando em como tirar essa mulher do meu caminho, que estava simplesmente infernizando minha vida. Me tirando do sério várias vezes ao dia, e sendo tão incoveniente quanto barata numa festa de pijamas de patricinhas. Tive uma boa idéia.


VI - Uma boa idéia

Assim que cheguei em casa, contei tudo o que havia acontecido para minha mãe. Sim, esta foi a boa idéia, porque nada melhor que uma mãe que se irrita facilmente, e que sabe argumentar melhor que noventa porcento da população mundial, os outros dez porcento são políticos (devemos ao menos dar esse crédito a eles, os caras conseguem enrrolar todo mundo direitinho). Ela ligou para o colégio para saber a versão da inspetora, cujo nome seria anti-ético e imoral eu revelar, e depois de quinze minutos, finalmente foi atendida. Conversando com a mulher, percebeu o que eu e mais uns amigos que já se formaram percebemos, ela é da massa. Imagine massa como aqueles que seguem o senso comum, que fazem tudo o que os outros fazem, que falam tudo o que os outros falam. Foi aonde minha mãe pegou para poder fazer a inspetora, cujo nome seria anti-ético e imoral eu revelar, falar a verdade. No final de tudo, a senhora foi até esperta, mandou que minha mãe fosse ao colégio conversar diretamente à ela.


VII - Mãe, minha mãe mesmo e o meu colégio.

Ela merece roubar este título de mim, pois realmente foi a estrela disso tudo. Chegando na secretaria do colégio, minha mãe pedira que ligassem para o meu pavilhão, onde ela teria marcado a reunião com a inspetora, cujo nome seria anti-ético e imoral eu revelar. A secretaria disse que estaria na sala do lado, telefonando. Passou uns cinco minutos e a mulher não voltava de jeito nenhum. Minha mãe deu três passadas para a esquerda, e espiou na janela. Só conseguiu ver a mulher no telefone, falando: "...é né, cada filho com sua mãe...". Pronto, mãe irritada, evacuem a área! A secretaria virou, levou um susto com a minha mãe, e falou bem baixinho: "tudo bem, pode subir.". Eu ri muito quando eu soube dessa parte, sei como é a cara da minha mãe de indignada.
Quando ela chega no pavilhão, não encontra a inspetora, cujo nome seria anti-ético e imoral eu revelar, em lugar algum. Foi então à coordenação, para falar diretamente com o superior dela, o coronel.
Coitado. Ele é uma boa pessoa, só que é acomodado demais, não percebe as porcarias que ele anda fazendo, e tem preguiça de controlar as situações, preferindo ficar dando suspensão em garotos que, por natureza, ficam namorando no intervalo. Havia de chegar a hora dele, como a de todos nós. Minha mãe falou tudo o que você possa imaginar, tudo o que a inspetora, cujo nome seria anti-ético e imoral eu revelar, fazia, fez e deixou de fazer. O coronel ficou calado ouvindo, e só falou algumas encheções de lingüiça (dane-se a reforma ortográfica) e falou que a inspetora, cujo nome seria anti-ético e imoral eu revelar, nunca mais iria fazer algo assim, e também que a partir daquele dia, ela nunca mais iria dirigir a palavra à mim. Quando soube disso, fiquei satisfeito. Mas, na vida, sempre há o algo a mais.


VIII - Notícias rápidas para felicidades eternas.

Ontem, dia trinta de junho de dois mil e nove, recebi uma notícia gigantesca. O colégio está sendo obrigado a demitir todos os funcionários que não são militares, com um prazo de até dezembro deste ano. Não dei muita bola na hora. Mas também não demorou muito para brilhar uma luz no meu cérebro, com uma voz saltitante dizendo, bem lá no fundo: Será que a inspetora, cujo nome seria anti-ético e imoral eu revelar, é militar? Será?
Passei o dia tentando saber. Ninguém sabia me responder. Na saída, encontrei o melhor inspetor daquele colégio, e perguntei pra ele quais inspetores iriam sair ano que vem, afinal, há a ordem de demitir todos os inspetores que não são militares. Foi quando ele me disse alguns nomes que eu nunca ouvi na vida, e por último, ouvi o nome da inspetora, cujo nome seria anti-ético e imoral eu revelar. Não acreditei, pedi pra ele repetir. Dei um pulo de alegria, desci as ladeiras, entrei no ônibus, e sorrindo, dormi. Acordei no ponto certo para eu descer e ir para casa. Chegando em casa, contei a notícia para minha mãe. Ela deu um riso e falou um "se deu bem, hein?!" de algum jeito que eu não ouvi bem.

Bem, só há uma coisa para dizer: A justiça tarda, mas não falha.






segunda-feira, 18 de maio de 2009

Eu, eu mesmo e meu colégio.

I - Passado
Meu primeiro ano no segundo grau, digamos assim, não foi nada agradável. Eu simplesmente ativei o dane-se para todas as coisas que me ocorriam no colégio. Não ligava para as matérias, trabalhos nem testes. Fazia a prova o mais rápido possível pra sair logo daquela jaula de zoológico chamada sala de aula. Dormia em quase todas as aulas, e todos os professores me chamavam de o dorminhoco, ou o faltoso. Minha primeira recuperação foi lá, em Geografia. Cá entre nós, que matéria chata. Até que fui direitinho nessa recuperação, recuperei bem e passei fácil. Também tinha ficado em Matemática, por 2 décimos. A professora me disse que se eu não assistisse a aula, não teria direito a fazer a prova. Falei pra ela que não iria fazer a prova então. Passei de ano, por incrível que pareça. Acho que apesar de tudo isso, eu sabia a matéria, em algum lugar perdido do meu cérebro, e isso vinha à tona na hora da prova, mesmo fazendo às pressas. Em meio desse ano louco, havia uma inspetora de corredor, cujo nome seria anti-ético e imoral eu revelar, que pegava no meu pé por causa disso. Me enchia o saco. Mas me enchia mesmo (professor de português e redação me perdôe, mas devo enfatizar isso mais uma vez), me enchia muito! Era um saco, todo dia ela vinha fazer piadinha, ou gracinha porque eu dormia. Uma vez eu até respondi, falando que mesmo eu fazendo tudo isso eu tava passando de ano, enquanto metade da turma só se ferrava. Fui pra coordenação, lógico. Mas isso aí é outra história, e talvez bem pequena em contraste com a que vou contar agora. Leitor, já informado do que aconteceu no ano passado, comecemos ao que está acontecendo.

II - Passado quase Presente
Começou mais um ano letivo. Creio que por menos razões do que madurecimento, resolvi ser um bom aluno. Cansei de ficar dormindo, faltando e levando bronca de todos os professores que eu encontro. Pois bem, começamos o segundo ano do Ensino Médio. Por mim tudo corria bem, sentava na frente, copiava a matéria do quadro e o que o professor falava, tirava minhas dúvidas. Foi na minha segunda aula de direito que eu percebi que eu teria problemas. A aula é a mais porca que eu já tive em toda a minha vida. A professora simplesmente chega na sala de aula já mandando todos calarem a boca, só que não com a fala, com uma baquetinha de bateria ("what?") e fazendo a chamada. Resolvi não me estressar, vamos dar uma chance. Me arrependi de ter dado a chance dela se redimir. Suas aulas são as mais monótonas possíveis, nenhuma dinâmica, nenhuma. Ela lê o livro, uma palavra a cada minuto, e explica pela metade o que ela leu. Dez minutos depois da aula ter começado, olhei para trás e oitenta porcento dos alunos estavam babando em seus respectivos cadernos e estojos, alguns até procurando um apoio maior na sua mochila. Pensei, ingenuamente, essa professora não liga de durmirem na aula, então, lá vou eu sonhar com meus aviões. Assim que eu abaixei a cabeça, a professora se dirigiu até minha cadeira e PAH! com a baquetinha na minha mesa. Me assustei que nem cabrito com medo de lobo. Pronto, a professora me marcou, já sabe meu nome, meu endereço, meu telefone, minha vida, e o que eu fiz no verão passado!

Como pode imaginar, suas aulas ocorreram assim por tempos. Eu cambaleava com a cabeça, ouvia marretada. Botava o braço no queixo, era abordado com perguntas sobre meu bem-estar, pois se eu estivesse bem, era para eu prestar atenção na aula, mesmo eu não sabendo o motivo da minha mão e meu queixo atrapalharem minha atenção.

III - A Volta
Lembram-se da inspetora, cujo nome seria anti-ético e imoral eu revelar? Pois bem, é aqui que ela volta à história. Prestem atenção leitor, muita atenção, pois apenas escreverei o que eu vivi e presenciei.

IV - O Lugar
Por um determinado tempo, não havia mapeamento de sala de aula, vulgo lugar marcado, lá no colégio. Porém, voltaram com esta porcaria para infernizar os alunos, de novo. Acho que eles não entendem que se um aluno quer conversar, ele vai conversar, não importa se a distância dos dois seja a diagonal do retângulo que a sala possui. A inspetora, cujo nome seria anti-ético e imoral eu revelar, fez o mapeamento, e me colocou no fundo da sala. Lugar já conhecido meu, lugar de meus sonos profundos nas aulas de matemática à história, passando por filosofia e biologia. Não queria sentar ali, não queria dormir de novo. Levantei a mão.
-Inspetora, -cujo nome seria anti-ético e imoral eu revelar-, não posso sentar aqui. Eu durmo nas aulas!
-Que argumento é esse, Faleiro? Você dorme em qualquer lugar! Sempre te vejo dormindo nas aulas de direito! Argumento inválido, inválido!
-Inválido? Como assim? Pergunte para todos os professores se eu não tenho rendido sentando na frente!
-Argumento inválido, desiste!
Imaginem um centauro ensardecido. Foi como fiquei. Tentei até falar mais, porém fui silenciado pelos "Psst!" dela.

Lembrei-me que nós tinhamos uma professora representante, que nos dava apoio nessas questões, e me dirigi a ela. Conversei, e ela consentiu, e também percebeu que meu rendimento escolar havia melhorado muito. Com a ajuda da professora, a inspetora, cujo nome seria anti-ético e imoral eu revelar, cedeu um lugar um pouco a frente, na segunda fileira, e me disse assim: "Tem sorte da professora ser minha amiga, tem sorte!".

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Notas e Observações: Isso é um fato que realmente aconteceu, e está acontecendo. Tenho escrito isto, pois além de não querer perder tudo isto que está acontecendo, quero rir com vocês mais tarde. Tenho dividido os capítulos assim, não vou mentir, porque estou lendo Dom Casmurro e simplesmente AMEI o jeito dele de ter escrito esse livro. Apesar de que não vou escrever como ele, não sou capaz, Machado é Machado.
A continuação virá em breve, ainda esta semana (18/05/09 ~ 25/05/09). Talvez divida em 3 posts, ou até mesmo em 2, se eu conseguir.
Abraços do Gabriel.



domingo, 10 de maio de 2009

Esclarecimentos

Pronto. Perdi totalmente a vontade de querer ter um blog bonitinho e arrumadinho. Desculpem a expressão, mas dane-se layouts e templates. Vai ser esse mesmo e pronto. Se for necessário, dou uma retocada ali e aqui. Como fui simplesmente massacrado duas vezes pelo wordpress, volto-me de joelhos ao blogspot, pedindo perdão pela traição. Oh, claro, o Seven Treasures. Bem, sinto em informar que o mesmo faleceu a um tempo atrás, e não retornará de sua cova. Mas não faz mal, agora tenho o Deliverance, robusto e simples, como sou. Para os desinformados, Deliverance significa veredito, verdade expressa, salvamento. O último significado me fez pensar um pouco, afinal, o que verdade tem com salvamento? Qual salvamento seria este, que a palavra me traz?
Procurei no dicionário por salvamento também, e o pai dos espertos me disse que significava salvação, bom êxito e segurança. Nenhuma resposta, passei para salvar. O mesmo paizão me disse sobre salvar: tirar ou livrar de perigo, transpor, vencer, livrar da morte, livrar-se, abrigar-se. Eureka! Eis minha resposta. Deliverance significa a salvação, vinda da verdade para te livrar, te abrigar e te fazer vencer.
Bonita frase, não? Diria que impactante. Agora, qual verdade iria me salvar? O que é a verdade, quem é a verdade? Muitas perguntas feitas a partir de uma só, quase impossível responder. Não procurei verdade no dicionário, não por preguiça, e sim por precaução. Se no dicionário não ter a definição de verdade que eu sempre acreditei, por toda minha vida? Se tudo o que eu acredito, simplesmente não tem uma palavra para ser definida? Foi quando me deu um estalo, meu segundo eureka. Cada pessoa tem sua verdade, tornando-a uma palavra ampla e incognitiva, onde pode se tornar várias coisas, como até a própria mentira. Perdi meu medo, e vi entre muitas definições, a seguinte: princípio certo. Poderia me perguntar sobre o que seria o princípio certo, nesse exato momento, porém seria apenas constatar o óbvio para mim. Meus princípios, minhas verdades, me abrigam, me libertam e me fazem vencer. Deliverance.