segunda-feira, 18 de maio de 2009

Eu, eu mesmo e meu colégio.

I - Passado
Meu primeiro ano no segundo grau, digamos assim, não foi nada agradável. Eu simplesmente ativei o dane-se para todas as coisas que me ocorriam no colégio. Não ligava para as matérias, trabalhos nem testes. Fazia a prova o mais rápido possível pra sair logo daquela jaula de zoológico chamada sala de aula. Dormia em quase todas as aulas, e todos os professores me chamavam de o dorminhoco, ou o faltoso. Minha primeira recuperação foi lá, em Geografia. Cá entre nós, que matéria chata. Até que fui direitinho nessa recuperação, recuperei bem e passei fácil. Também tinha ficado em Matemática, por 2 décimos. A professora me disse que se eu não assistisse a aula, não teria direito a fazer a prova. Falei pra ela que não iria fazer a prova então. Passei de ano, por incrível que pareça. Acho que apesar de tudo isso, eu sabia a matéria, em algum lugar perdido do meu cérebro, e isso vinha à tona na hora da prova, mesmo fazendo às pressas. Em meio desse ano louco, havia uma inspetora de corredor, cujo nome seria anti-ético e imoral eu revelar, que pegava no meu pé por causa disso. Me enchia o saco. Mas me enchia mesmo (professor de português e redação me perdôe, mas devo enfatizar isso mais uma vez), me enchia muito! Era um saco, todo dia ela vinha fazer piadinha, ou gracinha porque eu dormia. Uma vez eu até respondi, falando que mesmo eu fazendo tudo isso eu tava passando de ano, enquanto metade da turma só se ferrava. Fui pra coordenação, lógico. Mas isso aí é outra história, e talvez bem pequena em contraste com a que vou contar agora. Leitor, já informado do que aconteceu no ano passado, comecemos ao que está acontecendo.

II - Passado quase Presente
Começou mais um ano letivo. Creio que por menos razões do que madurecimento, resolvi ser um bom aluno. Cansei de ficar dormindo, faltando e levando bronca de todos os professores que eu encontro. Pois bem, começamos o segundo ano do Ensino Médio. Por mim tudo corria bem, sentava na frente, copiava a matéria do quadro e o que o professor falava, tirava minhas dúvidas. Foi na minha segunda aula de direito que eu percebi que eu teria problemas. A aula é a mais porca que eu já tive em toda a minha vida. A professora simplesmente chega na sala de aula já mandando todos calarem a boca, só que não com a fala, com uma baquetinha de bateria ("what?") e fazendo a chamada. Resolvi não me estressar, vamos dar uma chance. Me arrependi de ter dado a chance dela se redimir. Suas aulas são as mais monótonas possíveis, nenhuma dinâmica, nenhuma. Ela lê o livro, uma palavra a cada minuto, e explica pela metade o que ela leu. Dez minutos depois da aula ter começado, olhei para trás e oitenta porcento dos alunos estavam babando em seus respectivos cadernos e estojos, alguns até procurando um apoio maior na sua mochila. Pensei, ingenuamente, essa professora não liga de durmirem na aula, então, lá vou eu sonhar com meus aviões. Assim que eu abaixei a cabeça, a professora se dirigiu até minha cadeira e PAH! com a baquetinha na minha mesa. Me assustei que nem cabrito com medo de lobo. Pronto, a professora me marcou, já sabe meu nome, meu endereço, meu telefone, minha vida, e o que eu fiz no verão passado!

Como pode imaginar, suas aulas ocorreram assim por tempos. Eu cambaleava com a cabeça, ouvia marretada. Botava o braço no queixo, era abordado com perguntas sobre meu bem-estar, pois se eu estivesse bem, era para eu prestar atenção na aula, mesmo eu não sabendo o motivo da minha mão e meu queixo atrapalharem minha atenção.

III - A Volta
Lembram-se da inspetora, cujo nome seria anti-ético e imoral eu revelar? Pois bem, é aqui que ela volta à história. Prestem atenção leitor, muita atenção, pois apenas escreverei o que eu vivi e presenciei.

IV - O Lugar
Por um determinado tempo, não havia mapeamento de sala de aula, vulgo lugar marcado, lá no colégio. Porém, voltaram com esta porcaria para infernizar os alunos, de novo. Acho que eles não entendem que se um aluno quer conversar, ele vai conversar, não importa se a distância dos dois seja a diagonal do retângulo que a sala possui. A inspetora, cujo nome seria anti-ético e imoral eu revelar, fez o mapeamento, e me colocou no fundo da sala. Lugar já conhecido meu, lugar de meus sonos profundos nas aulas de matemática à história, passando por filosofia e biologia. Não queria sentar ali, não queria dormir de novo. Levantei a mão.
-Inspetora, -cujo nome seria anti-ético e imoral eu revelar-, não posso sentar aqui. Eu durmo nas aulas!
-Que argumento é esse, Faleiro? Você dorme em qualquer lugar! Sempre te vejo dormindo nas aulas de direito! Argumento inválido, inválido!
-Inválido? Como assim? Pergunte para todos os professores se eu não tenho rendido sentando na frente!
-Argumento inválido, desiste!
Imaginem um centauro ensardecido. Foi como fiquei. Tentei até falar mais, porém fui silenciado pelos "Psst!" dela.

Lembrei-me que nós tinhamos uma professora representante, que nos dava apoio nessas questões, e me dirigi a ela. Conversei, e ela consentiu, e também percebeu que meu rendimento escolar havia melhorado muito. Com a ajuda da professora, a inspetora, cujo nome seria anti-ético e imoral eu revelar, cedeu um lugar um pouco a frente, na segunda fileira, e me disse assim: "Tem sorte da professora ser minha amiga, tem sorte!".

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Notas e Observações: Isso é um fato que realmente aconteceu, e está acontecendo. Tenho escrito isto, pois além de não querer perder tudo isto que está acontecendo, quero rir com vocês mais tarde. Tenho dividido os capítulos assim, não vou mentir, porque estou lendo Dom Casmurro e simplesmente AMEI o jeito dele de ter escrito esse livro. Apesar de que não vou escrever como ele, não sou capaz, Machado é Machado.
A continuação virá em breve, ainda esta semana (18/05/09 ~ 25/05/09). Talvez divida em 3 posts, ou até mesmo em 2, se eu conseguir.
Abraços do Gabriel.



domingo, 10 de maio de 2009

Esclarecimentos

Pronto. Perdi totalmente a vontade de querer ter um blog bonitinho e arrumadinho. Desculpem a expressão, mas dane-se layouts e templates. Vai ser esse mesmo e pronto. Se for necessário, dou uma retocada ali e aqui. Como fui simplesmente massacrado duas vezes pelo wordpress, volto-me de joelhos ao blogspot, pedindo perdão pela traição. Oh, claro, o Seven Treasures. Bem, sinto em informar que o mesmo faleceu a um tempo atrás, e não retornará de sua cova. Mas não faz mal, agora tenho o Deliverance, robusto e simples, como sou. Para os desinformados, Deliverance significa veredito, verdade expressa, salvamento. O último significado me fez pensar um pouco, afinal, o que verdade tem com salvamento? Qual salvamento seria este, que a palavra me traz?
Procurei no dicionário por salvamento também, e o pai dos espertos me disse que significava salvação, bom êxito e segurança. Nenhuma resposta, passei para salvar. O mesmo paizão me disse sobre salvar: tirar ou livrar de perigo, transpor, vencer, livrar da morte, livrar-se, abrigar-se. Eureka! Eis minha resposta. Deliverance significa a salvação, vinda da verdade para te livrar, te abrigar e te fazer vencer.
Bonita frase, não? Diria que impactante. Agora, qual verdade iria me salvar? O que é a verdade, quem é a verdade? Muitas perguntas feitas a partir de uma só, quase impossível responder. Não procurei verdade no dicionário, não por preguiça, e sim por precaução. Se no dicionário não ter a definição de verdade que eu sempre acreditei, por toda minha vida? Se tudo o que eu acredito, simplesmente não tem uma palavra para ser definida? Foi quando me deu um estalo, meu segundo eureka. Cada pessoa tem sua verdade, tornando-a uma palavra ampla e incognitiva, onde pode se tornar várias coisas, como até a própria mentira. Perdi meu medo, e vi entre muitas definições, a seguinte: princípio certo. Poderia me perguntar sobre o que seria o princípio certo, nesse exato momento, porém seria apenas constatar o óbvio para mim. Meus princípios, minhas verdades, me abrigam, me libertam e me fazem vencer. Deliverance.